Esta pesquisa analisa a exclusão estrutural de pessoas transexuais e travestis do mercado de trabalho formal no Brasil, compreendendo-a como um projeto social com raízes históricas profundas. A partir de uma extensa revisão bibliográfica, a obra realiza uma arqueologia da marginalização, demonstrando como discursos coloniais, médicos e estatais construíram a identidade trans como “anormal” e “inapta” para o trabalho. Em seguida, investiga o sistema educacional como uma “fábrica da norma” que, por meio de violências estruturais e explícitas, promove a evasão escolar e produz a “falta de qualificação” que será usada como álibi pelo mercado. Por fim, o estudo disseca os mecanismos de rejeição na contratação, as consequências da precarização compulsória e a omissão do Estado em criar políticas públicas eficazes. Conclui-se que a exclusão laboral não é um fenômeno isolado, mas o resultado de um ciclo que nega a cidadania, cuja superação exige transformações profundas na educação, nas práticas de mercado e, fundamentalmente, na atuação do Estado para garantir o direito à dignidade.